Este assunto foi abordado em uma das últimas palestras realizadas no Clube de Xadrez de Curitiba em 2010. Consegui desenvolver a idéia básica, mas por ser de apenas sessenta minutos não puder abordar todos os aspectos envolvidos em este tema.
Aquela máxima de que "O direito de um começa aonde termina o direito do outro", normalmente não é seguida à risca, já que onde temos “interesses” em disputa, seja em qualquer área, teremos estes "direitos" alterados de acordo com a conveniência da situação.
Após a realização do Campeonato Brasileiro de categorias em Catanduva, tive a oportunidade de ler alguns comentários publicados em sites sobre a maneira que a arbitragem tratou os jogadores participantes com referencia à análise de partidas após o seu término e com a assistência durante as rodadas. Não permitindo que as partidas pudessem ser acompanhadas pelo público. Comentaram que a arbitragem do evento foi muito rígida neste sentido.Tenho certeza de que se a organização procedeu desta maneira, foi em defesa dos jogadores.
A regulamentação da FIDE é clara, não autorizando esta prática, que é prejudicial ao bom andamento da competição. Resta saber se poderemos oferecer aos jogadores uma sala de análise adequada.
Por outro lado, um isolamento da competição, tendo um salão com bom espaço, sanitários dentro do local de jogo, somente para os participantes, torna desnecessário que o público não possa observar as partidas. E isto vem em prejuízo para o nosso esporte, que por muitas vezes não conseguimos apresentar ao público.
Como árbitro e organizador, tenho o mesmo pensamento de sempre proteger os jogadores, e propiciar um bom ambiente para a prática do xadrez, seja em qualquer nível. Tenho por muitas vezes que solicitar silêncio durante as rodadas àqueles jogadores que já terminaram suas partidas, portanto são tratados como público, e àqueles que ainda estão jogando e acabam fazendo um barulho excessivo.
Se perguntarmos a um leigo, quem faz mais barulho durante uma rodada no jogo de xadrez, ele respondera que é o público que está assistindo as partidas. Mas isto não é a realidade. O público, que normalmente tem pouca informação sobre nosso esporte, sabe que para se jogar xadrez tem de ter condições básicas para isto, entre elas o silêncio.
Agora, vejamos quais são as pessoas mais fazem barulho durante uma rodada de um campeonato ou torneio de xadrez? Quem participa da organização ou arbitragem destes eventos sabe claramente quem são. São os jogadores participantes, os pais dos jogadores, os técnicos e professores destes mesmos jogadores.
Surpresa? Claro que não. Esta é a verdade. Na maioria das vezes, para não generalizar, são os que mais fazem barulho e incomodam não só os jogadores, mas também à arbitragem que acaba tendo uma árdua tarefa ao pedir que estas pessoas façam silencio. Depois que a arbitragem isola o salão e não se permite que as partidas sejam acompanhadas, todos reclamam e o culpado de tudo isto é o árbitro.
Mas o que é preocupante é saber o que precisamos fazer e não fazemos. O que os leva a ter este tipo de comportamento, querendo assistir as partidas a todo custo, como se pudessem ajudá-los a ganhar ou empatar a partida, principalmente quando é um evento individual?
Mas por algum motivo, acabam esquecendo o principal, os jogadores. Sem eles, nada teríamos.
Por isto, sempre que possível, tentaremos chegar a um meio termo para que possamos autorizar o público a assistir as competições, para que os jogadores possam desenvolver o seu melhor xadrez com boas condições.
Todo o homem luta com mais bravura pelos seus interesses do que pelos seus direitos.
Napoleão Bonaparte
sexta-feira, 29 de abril de 2011
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